APRESENTAÇÃO

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Este é um blog criado pelos alunos do primeiro período do curso de Direito da Escola Superior Dom Helder Câmara: Breno Lamêgo, Bruno Rabello, Isabela Ferreira, Moisés Freitas e Ricardo Hamilton. Trata-se de um trabalho interdisciplinar na área de Metodologia de Pesquisa, sob a supervisão do professor Émilien Vilas Boas Reis e com a colaboração dos demais docentes.

Convidamos a todos os cidadãos que se interessam e se preocupam com a melhoria das condições de vida, em especial com relação à questão da moradia e dignidade humana.

Ricardo Hamilton


MORADIA E DIGNIDADE HUMANA

RELEVÂNCIA SOCIAL

A moradia com dignidade humana é de alta relevância social quer em nível municipal, estadual ,nacional ou mesmo internacional.
Em nível municipal, estamos todos mais próximos da realidade social com a qual nos deparamos em nosso dia-a-dia. Não há como fugir ou ignorar o fato de que colegas, amigos, conhecidos, parentes ou mesmo prestadores de serviço ou empregados vivem em situação desumana e, por vezes, degradante. Assim, esse tema lembra-nos dessa ferida aberta no tecido social de nossa comunidade e nos leva a uma reflexão sobre o nosso papel enquanto cidadão para buscar instrumentos legais e institucionais junto ao poder público local visando contribuir na luta para alterar essa realidade.
A partir dessa reflexão de uma situação local, podemos lançar o olhar um pouco mais além e vermos que essa situação não é específica, é muito mais comum do que imaginamos pois é a realidade que afeta a dezenas de milhares de mineiros em uma contradição gritante com as riquezas geradas no estado de Minas Gerais. Essa situação é mais agravante no norte de Minas, no chamado Vale do Jequitinhonha, onde há falta de água, comida e apoio institucional para o desenvolvimento de uma sociedade digna faz com que a região seja classificada como uma das áreas mais miseráveis do planeta. Ali a presença do estado enquanto representante da sociedade não foi capaz de ser o agente indutor da transformação social retirando da miséria centenas de pessoas e resgatando sua dignidade.
No Brasil, não é apenas em Minas que tal fato lamentável vem ocorrendo ano após ano, governo após governo em uma demonstração de que alguma coisa precisa efetivamente mudar para transformar esse cenário. É fato que a região sudeste do país possui, ainda hoje, bolsões de pobreza e miséria que não podemos e não devemos esquecer ou ignorar. Mas não podemos esquecer também que a grande desigualdade social e econômica tem levado a um desenvolvimento míope, torto, onde a injustiça prospera na mesma velocidade em que prosperam as doenças, a exploração e a prostituição do ser humana. O retrato mais cruel dessa realidade é o surgimento de favelas, aglomerados ou comunidades como são conhecidos atualmente essas localidades que acabam criando leis, regulamentos e costumes próprios como forma de sobreviver.
Esse modelo de desigualdade socioeconômica se reaplica pelo planeta de maneiras as mais diversas possíveis já que cada país, sociedade ou povo adota uma forma própria porém com resultado final idêntico : a criação de guetos sociais, econômicos e até mesmo étnicos. Assim fica claro que a desigualdade não tem língua, religião ou etnia. A constante nessa equação social e antropológica é o homem. O homem que constrói uma sociedade onde o ter é mais importante do que o ser fomenta a desigualdade, a miséria, a injustiça, a fome resultando em guerras civis ou entre países. Assim podemos ver e ler pela mídia globalizada e em tempo real situações degradantes de seca e fome em vastas regiões da África e da Ásia.
Precisamos refletir sobre o modelo social e econômico atual e pensarmos em como resgatar da iniquidade milhões de pessoas no mundo que são vítimas de modelos ideológicos, sociais e econômicos que não resolveram a equação dignidade humana, progresso e respeito à natureza e ao próximo.
O tema desse trabalho é um momento para uma pausa, uma reflexão em nosso papel enquanto cidadão e nossa responsabilidade como futuros operadores do direito para contribuir de modo eficaz para mudar a sociedade local e assim colaborar na transformação das mudanças no estado, no país e no mundo em prol de uma sociedade justa, democrática e acima de tudo humana.        


MOBILIDADE URBANA

MORADIA E DIGNIDADE

A mobilidade urbana, nos dias de hoje, tem se revelado um grande problema de infraestrutura sobre tudo para as grandes cidades.
É necessário repensar a mobilidade urbana sobre seus diversos ângulos bem como seu impacto sobre a qualidade de vida de seus habitantes. Os aspectos econômicos, sociais, ecológicos e mesmo sociológicos devem ser levados em contato no momento de planejamento das vias ou de reforma das vias já existentes.
Por isso a União sancionou a Lei Federal 12587 que  em seu artigo diz “ 1o  A Política Nacional de Mobilidade Urbana é instrumento da política de desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art. 182 da Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município.”(BRASIL,2012) para regulamentar e priorizar os meios de transporte.
Com o crescimento acelerado dos centros urbanos, o planejamento é superado pela demanda real do dia a dia por moradia e pela necessidade de transporte para atender a demanda pelo serviço de transporte público, necessitando assim de maior número de vias para um número cada vez maior de veículos, sobretudo, os particulares. Aos administradores públicos e à sociedade local cabe a solução desse problema através de um sistema de transporte público que atenda a todos os usuários com qualidade, respeito, pontualidade, conforto e acessibilidade a todos, inclusive aos portadores de necessidades especiais (visuais, auditivos e de locomoção) e aos idosos. As edificações públicas ou privadas devem ser planejadas e construídas visando dar acesso e conforto a todos respeitadas as particularidades de locomoção de cada um.
Apenas um tipo de transporte (metrô), por exemplo, não é eficaz sendo necessário um sistema bem articulado entre o metro, ônibus, carros e demais meios de locomoção. Inseridos no processo estão os veículos de transporte de carga e de serviços que abastecem as grandes metrópoles. Assim, é fundamental a participação de todos os cidadãos, empresários, agentes públicos, entidades representativas da sociedade civil e do mundo acadêmico. Todos em busca de melhores soluções de acesso a bens e serviços para a comunidade.
Muitas vezes a desapropriação de imóveis e espaços comunitários de uma determinada área, sem a discussão prévia com a comunidade local, gera tensões e conflitos sociais que poderiam ser, se não evitados, pelo menos mitigados através de um processo negocial e de mediação com os protagonistas sociais envolvidos.
É necessário demonstrar para a comunidade local que sofrerá uma intervenção, por vezes traumática, a real importância de tal intervenção para o bem das pessoas que ali residem bem como para todos os que compartilham do espaço urbano da cidade no seu direito de locomover-se com eficiência, segurança e rapidez.
Ao poder público, em conjunto com os atores sociais envolvidos no processo, cabe apresentar soluções não apenas de curto prazo mas também de médio e longo prazo. Tais soluções devem envolver a construção de equipamentos urbanos para a população local como posto de saúde, escolas, parque ecológico e permeabilidade do solo assegurando assim o bem estar social nas áreas de lazer, a saúde, a educação  e o meio ambiente.
Não devemos esquecer que a questão da mobilidade urbana abarca a questão dos portadores de necessidades especiais não só no espaço coletivo mas também nos espaços ditos privados.          
      

MORADIA E DIGNIDADE

SAÚDE

No tocante a questão de moradia com dignidade, não podemos esquecer que a saúde é um item importante, fundamental para que o ser humano tenha dignidade. O direito à saúde está consagrado na constituição federal do Brasil no capítulo das garantias individuais. Mas não basta a constituição para tornar fática esta realização. É de suma importância a participação da sociedade civil organizada apresentando suas demandas e necessidades no tocante aos serviços de saúde pública e privados, em especial  os referentes a da área dos serviços públicos, um dever do Estado  e um direito do cidadão (Brasil,1988).
São várias as formas de luta e participação ao alcance da população a começar pelas associações de bairros, sindicatos e associações de classes, associações de defesa dos direitos humanos, dentre inúmeras outras existentes. É fundamental que todos participem não só reclamando mas apresentando sugestões de implementação de serviços bem como a melhoria dos já existentes. Desde a promulgação da atual constituição, tem ficado demonstrado que a luta por melhorias das condições de saúde é árdua e longa, porém também vencedora mudando a situação fática e também promovendo alterações no ordenamento legal do Brasil. É uma luta renhida e constante com conquista e melhorias para todos, independentemente da classe social, econômica ou financeira. Todo esse esforço começou a cristalizar-se com a criação do SUS – Sistema Único de Saúde – que não é um fim em si mesmo mas um processo de construção e transformação permanente para garantir o direito à saúde do cidadão brasileiro.
No processo de criação e implementação da estrutura de saúde no país, a participação do Estado brasileiro em suas três esferas de poder – União, Estados e Municípios, cada um em sua esfera de responsabilidade é importante para minimizar a desigualdade da saúde no Brasil. Como diz a voz corrente : “ É no município que o cidadão reside. Não é no  Estado ou na União “. Por isso é que nos  municípios  é o local em que deve ter início a revolução sanitária em prol da dignidade humana. Com o apoio financeiro, tecnológico e de recursos humanos por parte do Governo Federal e do Governo Estadual ,os municípios podem fazer mais e melhor para os residentes locais. Mais e melhores unidades de saúde (hospitais, postos de saúde), de equipamentos, remédios, insumos, campanhas de vacinação em massa, programas de saúde preventivos, bem como mais e melhores profissionais bem formados, treinados, respeitados e remunerados condignamente, esta revolução terá um fim vitorioso, uma revolução em prol da dignidade humana como proposto nos cânones da constituição brasileira, na carta de fundação das nações unidas e na declaração dos direitos humanos. Mas tudo isso somente será alcançado se houver conscientização e lutas constantes da população para exigir seus direitos. 


MORADIA E DIGNIDADE

MEIO AMBIENTE E SANEAMENTO BÁSICO

O saneamento básico é de suma importância para uma moradia digna. Sem o tripé do saneamento básico, teremos apenas um lugar para o abrigo das intempéries. A ausência desse serviço essencial para a população de baixa renda é  um fato que a todos atinge e fere a dignidade da pessoa humana.Embora o direito ao saneamento básico esteja consagrado na lei maior, a constituição brasileira nos termos do art.6º “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”  (BRASIL, 1988), temos plena ciência que a mesma não se materializou no dia-a-dia de nosso país. De norte a sul, de leste a oeste, seja na periferia das grandes cidades ou nas metrópoles mas sobretudo  nos rincões mais longínquos do país é uma realidade cruel e nefasta a falta do saneamento básico.
O acesso à água tratada, de qualidade é primordial para a saúde e o bem estar do indivíduo evitando a propagação de doenças em especial as de veiculação hídricas por águas impuras ou contaminadas por substâncias biológicas ou químicas. A solução desse problema por si só traria um impacto positivo para a saúde individual e coletiva reduzindo, ou mesmo, minimizando os gastos com a saúde pública  curativa . Aí está a saúde preventiva da coletividade.
A segunda perna do tripé é a coleta e tratamento do esgoto gerado pela comunidade. O tratamento de esgoto tem um impacto altamente positivo para a saúde de todos já que apenas o fornecimento de água potável não garante saúde para todos. O lançamento de dejetos domiciliares e industriais nos cursos d’água contamina os mesmos, o lençol freático (localizado no subsolo), as criações domésticas e rurais, bem como os alimentos. Tudo isso tem como resultado autos custos com tratamento dos cidadãos e dos mananciais de água para captação e distribuição de água tratada, o que realimenta o ciclo: água contaminada-água tratada- despejo de esgoto nos cursos d’água que serão tratadas para consumo humano. É um ciclo vicioso, caro, antieconômico e que agride o meio-ambiente do país.
A terceira perna desse tripé é a coleta e tratamento do lixo, sobretudo nas áreas urbanas. A coleta e destinação final adequada para os resíduos sólidos urbanos, o lixo, tem um impacto altamente positivo na qualidade de vida e no meio ambiente. O depósito de lixo em qualquer lugar, de qualquer jeito, transforma-se em um foco de pragas urbanas (insetos, roedores e animais peçonhentos) transmissores de doenças gerando muitas vezes graves problemas de saúde pública com impacto direto na qualidade dos serviços prestados pela rede pública e até mesmo privada de saúde. Algumas tentativas de minimizar o problema tem surgido como, por exemplo, a reciclagem de plástico,papéis,latas e de material de obras de construção ou de demolição. Porém tais iniciativas tem se mostrado pouco eficazes por não se tornarem políticas públicas efetivas e prioritárias pelos governos em suas três esferas de competência. Como resultado, temos colhido a contaminação do solo, do subsolo, das águas, do ar com grave impacto na saúde da população como já relatado anteriormente. Mas não é só isso, nos grandes centros urbanos, temos visto as grandes enchentes que destroem imóveis, móveis, sonhos e ceifam vidas tendo como uma das causas o assoreamento dos cursos d’água  e o entupimento da rede pluvial das cidades.   

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